1 de dez. de 2011

Antigo Fórum


Profª. Mara Silva Costa Chediak

Com sua estrutura marcante e imponente, de edificação eclética, o prédio foi projetado por Tobias Andrade Junqueira e construído pelos idos dos anos 1914 com a finalidade de abrigar a segunda Escola Normal para moças do sul de Minas. Sob a batuta da professora Cândida de Andrade Junqueira, a “D.Doca”, famosa por seus êxitos pedagógicos e em parceria com Raul Ribeiro Gorgulho, em 25 de agosto de 1918, foi transferida para Três Corações, a Escola Normal Nossa Senhora da Conceição, da vizinha cidade de Silvestre Ferraz.

Com o nome de Colégio Sagrado Coração de Jesus, a escola permaneceu em atividade durante sete anos, formando moças que se prestavam ao trabalho do magistério. Em 1923, o educandário foi adquirido pelo Professor tricordiano Artur Fonseca, membro do seu corpo docente, que, por razões particulares, transferiu-a para Três Pontas em 1926. 

Dentro desta cronologia, o prédio foi vendido ao Estado em 1921 segundo a filha da Profª Cândida, D. Maria Augusta. De acordo com a citada transcrição (registro), o valor da transação foi de R$80.000, tendo sido o adquirente – Estado de Minas Gerais – representados pelo DD. Presidente Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, domiciliado em Belo Horizonte. 

Vendido a preço simbólico ao Estado naquela data, juntamente com o restante do terreno, o prédio passou por reformas a fim de abrigar as instalações do Fórum, o que ocorreu entre 1929 e 1930, com planta feita pelo Engenheiro Dr. Luiz Signorelli. Na ocasião, dividiam o espaço: Fórum, Câmara Municipal e Serventuários da Justiça. O restante do terreno foi doado.

No pavimento superior do prédio instalavam-se o gabinete destinado ao Juiz de Direito da Comarca, a sala de audiências, o Cartório Criminal e os Cartórios Cíveis. No térreo: o gabinete do Prefeito Municipal e outras acomodações da Prefeitura, além do Cartório de Registro Civil, Cartório Eleitoral; posteriormente abrigou também a Coletoria Estadual.

Em 1963, estando no governo estadual Magalhães Pinto, e tendo como Secretário de Comunicações e Obras públicas o Dr. Lúcio de Souza Cruz, o prédio foi reconstruído e revitalizado, pois apresentava trincas e rachaduras.

Durante dois anos mais ou menos houve mudança de endereço por duas vezes e no período foram trocadas também portas e janelas. Depois dessa revitalização, a distribuição dos cômodos ficou da seguinte forma: no térreo funcionava a Prefeitura, a Coletoria Estadual, a Câmara de Vereadores, o Cartório de Registro Civil. No andar superior: três Cartórios de Notas, três Escrivanias, o Cartório Criminal, o Cartório Eleitoral, Gabinetes do Juiz e do Promotor e um imponente salão, onde aconteciam as sessões de júri. E no subsolo (onde havia até uma cela para pequenos meliantes), a Secretaria de Segurança Pública confeccionava carteiras de identidade em alguns dias da semana pré-determinados já que deveria haver um para o fichamento das “moças de vida fácil”. Mocinhas de família, naquele dia, eram convidadas a voltar em outra ocasião, pois tal convivência, mesmo que por poucos minutos era inadmissível.




Pelos idos da década de 1980, houve uma permuta entre Prefeitura Municipal e Governo do Estado. Foi então averbada a construção de um novo prédio em tal endereço, a requerimento da ASPAT (Assessoria Especial do Patrimônio Imobiliário do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais), inaugurado aos 4 de dezembro de 1998.

Entre aquela data e março de 2000, o antigo e imponente guardião da justiça tricordiana ficou como depositário de arquivos e documentos do Tribunal de Justiça. Em março de 2000 a Prefeitura da cidade assume uma mudança radical: reformar o prédio, de forma que ficasse o mais semelhante possível ao que aparentava na origem, sem a incrível escada de madeira, obviamente.

Do salão de audiências e de todo andar superior foi retirado o piso de placas emborrachadas, deixando novamente à mostra o piso original de tábua corrida, que foi devidamente raspado e sintecado. No pavimento térreo a revitalização maior foi direcionada às portas, janelas, paredes e piso, devidamente raspados e pintados.


Assim, a Casa da Cultura se transferiu para o endereço em setembro de 2000. Exposições, vernissage, noites de autógrafos, acontecem freqüentemente na antiga sala de aulas, que anos depois, presenciou aqueles júris concorridos e tumultuados para, a então pequena, Três Corações. Gravitando em torno, as antigas repartições públicas hoje abrigam salas de cursos, a Sala Pelé, os Memoriais do Boiadeiro e do Ferroviário e outras salas com acervo da Casa. O velho e antigamente sombrio subsolo... bom, continua sombrio...

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