Profª. Mara Silva Costa Chediak
Com sua estrutura marcante e
imponente, de edificação eclética, o prédio foi projetado por Tobias Andrade
Junqueira e construído pelos idos dos anos 1914 com a finalidade de abrigar a
segunda Escola Normal para moças do sul de Minas. Sob a batuta da professora
Cândida de Andrade Junqueira, a “D.Doca”, famosa por seus êxitos pedagógicos e
em parceria com Raul Ribeiro Gorgulho, em 25 de agosto de 1918, foi transferida
para Três Corações, a Escola Normal Nossa Senhora da Conceição, da vizinha
cidade de Silvestre Ferraz.
Com o nome de Colégio Sagrado
Coração de Jesus, a escola permaneceu em atividade durante sete anos, formando
moças que se prestavam ao trabalho do magistério. Em 1923, o educandário foi
adquirido pelo Professor tricordiano Artur Fonseca, membro do seu corpo
docente, que, por razões particulares, transferiu-a para Três Pontas em 1926.
Dentro desta cronologia, o prédio
foi vendido ao Estado em 1921 segundo a filha da Profª Cândida, D. Maria
Augusta. De acordo com a citada transcrição (registro), o valor da transação
foi de R$80.000, tendo sido o adquirente – Estado de Minas Gerais –
representados pelo DD. Presidente Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrade,
domiciliado em Belo
Horizonte.
Vendido a preço simbólico ao
Estado naquela data, juntamente com o restante do terreno, o prédio passou por
reformas a fim de abrigar as instalações do Fórum, o que ocorreu entre 1929 e
1930, com planta feita pelo Engenheiro Dr. Luiz Signorelli. Na ocasião,
dividiam o espaço: Fórum, Câmara Municipal e Serventuários da Justiça. O
restante do terreno foi doado.
No pavimento superior do prédio
instalavam-se o gabinete destinado ao Juiz de Direito da Comarca, a sala de
audiências, o Cartório Criminal e os Cartórios Cíveis. No térreo: o gabinete do
Prefeito Municipal e outras acomodações da Prefeitura, além do Cartório de
Registro Civil, Cartório Eleitoral; posteriormente abrigou também a Coletoria
Estadual.
Em 1963, estando no governo
estadual Magalhães Pinto, e tendo como Secretário de Comunicações e Obras públicas
o Dr. Lúcio de Souza Cruz, o prédio foi reconstruído e revitalizado, pois
apresentava trincas e rachaduras.
Durante dois anos mais ou menos
houve mudança de endereço por duas vezes e no período foram trocadas também
portas e janelas. Depois dessa revitalização, a distribuição dos cômodos ficou
da seguinte forma: no térreo funcionava a Prefeitura, a Coletoria Estadual, a
Câmara de Vereadores, o Cartório de Registro Civil. No andar superior: três
Cartórios de Notas, três Escrivanias, o Cartório Criminal, o Cartório
Eleitoral, Gabinetes do Juiz e do Promotor e um imponente salão, onde
aconteciam as sessões de júri. E no subsolo (onde havia até uma cela para
pequenos meliantes), a Secretaria de Segurança Pública confeccionava carteiras
de identidade em alguns dias da semana pré-determinados já que deveria haver um
para o fichamento das “moças de vida fácil”. Mocinhas de família, naquele dia,
eram convidadas a voltar em outra ocasião, pois tal convivência, mesmo que por
poucos minutos era inadmissível.
Pelos idos da década de 1980,
houve uma permuta entre Prefeitura Municipal e Governo do Estado. Foi então
averbada a construção de um novo prédio em tal endereço, a requerimento da
ASPAT (Assessoria Especial do Patrimônio Imobiliário do Tribunal de Justiça do
Estado de Minas Gerais), inaugurado aos 4 de dezembro de 1998.
Entre aquela data e março de
2000, o antigo e imponente guardião da justiça tricordiana ficou como
depositário de arquivos e documentos do Tribunal de Justiça. Em março de 2000 a Prefeitura da cidade
assume uma mudança radical: reformar o prédio, de forma que ficasse o mais
semelhante possível ao que aparentava na origem, sem a incrível escada de
madeira, obviamente.
Do salão de audiências e de todo
andar superior foi retirado o piso de placas emborrachadas, deixando novamente
à mostra o piso original de tábua corrida, que foi devidamente raspado e
sintecado. No pavimento térreo a revitalização maior foi direcionada às portas,
janelas, paredes e piso, devidamente raspados e pintados.
Assim, a Casa da Cultura se transferiu para o endereço
em setembro de 2000. Exposições, vernissage, noites de autógrafos, acontecem
freqüentemente na antiga sala de aulas, que anos depois, presenciou aqueles
júris concorridos e tumultuados para, a então pequena, Três Corações.
Gravitando em torno, as antigas repartições públicas hoje abrigam salas de
cursos, a Sala Pelé, os Memoriais do Boiadeiro e do Ferroviário e outras salas
com acervo da Casa. O velho e antigamente sombrio subsolo... bom, continua
sombrio...
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